quinta-feira, 2 de abril de 2009

O PERIGO CONTINUA

Explosão do Paiol de Malhazine - Maputo

“Foi erro humano”

- afirma relatório do Instituto de Estudos Estratégicos sul-africanos (ISS) que põe em dúvida segurança em 17 paióis moçambicanos

“A verdade é que as condições meteorológicas – mesmo temperaturas de 35 graus – raramente terão por si só impacto em munições, mesmo que velhas, em más condições de manutenção ou em estado de degradação”

Maputo (Canal de Moçambique) - A explosão do Paiol de Malhazine, nos arredores de Maputo, no passado dia 22 de Março, deveu-se a um “erro humano”, e não às elevadas temperaturas, e pode repetir-se noutros 17 depósitos de armas moçambicanos em condições de segurança “questionáveis”, afirma um relatório do Instituto de Estudos Estratégicos sul-africano «ISS», contrariando, com esta sua opinião, outros pareceres.

O primeiro relatório preliminar sobre as explosões do Paiol de Malhazine, foi elaborado pelo Centro de Coordenação do Sudeste e Leste Europeu para o Controlo de Armas Pequenas e Ligeiras (SEESAC). Nele se refere que a causa mais provável foi a “deterioração das condições físicas e químicas das munições e explosivos.”

O relatório da SEESAC afirmava também a existência de artefactos contendo “Fósforo branco”, no Paiol de Malhazine. E acrescentava que tal material bélico é considerado “proibido”.

Já neste mais recente relatório do Instituto de Estudos Estratégicos sul-africanos (ISS) divulgado esta semana, os seus autores afirmam que as explosões de 22 de Março permitiram que ficasse demonstrado que Moçambique não cumpriu o previsto no Protocolo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para o Controlo de Armas de Fogo.

O ISS adianta no documento da sua autoria que os países signatários do Protocolo da SADC para o Controlo de Armas de Fogo, entre os quais se conta Moçambique, acordaram em “elaborar inventários nacionais de armas de fogo na posse de forças de segurança e outros organismos estatais e melhorar a sua capacidade de manter e gerir em segurança as suas reservas.” Está ainda previsto no referido protocolo da SADC, lembra o ISS, “destruir armas de fogo e outros equipamentos excedentes, redundantes ou obsoletos”.

“Claramente, Moçambique não o fez”, afirma peremptoriamente o ISS.

O protocolo da SADC que se está a referir foi ratificado por Moçambique em 2002, tendo entrado em vigor em 2004.

“É preciso perguntar”, escreve ainda o ISS, se “Moçambique estimulou as suas forças de segurança para implementar a recolha, armazenagem segura, destruição ou eliminação responsável de armas de fogo ou munições?”

“Por que é que Moçambique, cerca de 15 anos depois dos Acordos de Paz que puseram fim à guerra civil e os ex-combatentes terem sido desmobilizados e reintegrados, ainda não destruiu armas de fogo e munições excedentes ou obsoletas, detidas pelo Estado? Porque é que o paiol não foi deslocado para uma área longe de onde habitam civis?”, lê-se no documento do ISS que estamos a citar.

As autoridades do país afirmam que o acidente se deveu ao calor intenso sentido, mas para o instituto sul-africano firma que “não foi, contudo, um desastre natural”.

“A verdade é que as condições meteorológicas - mesmo temperaturas de 35 graus - raramente terão por si só impacto em munições, mesmo que velhas, em más condições de manutenção ou em estado de degradação", acrescenta o instituto sul-africano.

“A maioria das explosões são causadas por cargas propulsoras químicas instáveis, ácido de cobre em detonadores, detonadores não resguardados ou rastilhos sem segurança de detonação. Foi, portanto, um erro humano, seja de que maneira for que se veja a questão”, conclui o relatório.

Noticia retirada do Canal Moçámbicano http://www.canalmoz.com/default.jsp?file=lista_artigos&nivel=1&id=16(Redacção com «Lusa»)


2007-04-02 22:12:00

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