terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Sejam Bem Vindas!


Embarcaram em retorno para o Brasil no dia 19 de dezembro as lmc Lourdes Vieira e Vanessa Pereira de Carvalho que estavam em Moçambique.
Lourdes retornou para São José dos Campos/SP e Vanessa para Belo Horizonte/MG. Ambas chegaram bem e já estão descansando junto aos seus familiares.
Queremos desejar que sejam muito bem-vindas e que o ardor missionário continue sempre crescendo! Que o testemunho de vocês sirva de ânimo para outras pessoas se disporem a partir neste bonito gesto de desprendimento e compromisso com o Reino de Deus! Afinal, a missão precisa de missionários!
Continuamos juntos, unidos na oração e na vocação leiga missionária comboniana!
Um forte abraço,
LMC Brasil

Notícias do Ipê Amarelo


No dia 11 de dezembro na Comunidade Nossa Senhora Aparecida - bairro Ipê Amarelo celebramos o encerramento do ano formativo LMC 2011 e o Envio Missionário de Flávio Schmidt. 
Após curtas férias em São José dos Campos/SP embarcará dia 12 de janeiro para Moçambique.
Sua formação em Engenharia da Computação certamente o ajudará em sua atuação na Escola de Formação Industrial de Carapira, mas o seu grande desejo como batizado é poder partilhar a vida e a fé junto a este povo que já está em seu coração.
Aqui no Brasil, Flávio fez sua formação junto às comunidades que participou em São José dos Campos e também junto a Pastoral da Juventude Diocesana.
Neste ano de convivência e formação no projeto lmc conciliou o trabalho, uma presença junto a comunidade do Ipê Amarelo e uma formação mais específica para aqueles que desejam partir em missão além fronteiras.
O Envio em sua comunidade de origem será no dia 07 de janeiro de 2012 e sua presença em Moçambique inicialmente é de 2 anos.
Estamos rezando por ele e por todos os que sentem o chamado e colocam-se a caminho.
Abraços,
LMC Brasil

1º Encontro dos coordenadores dos LMC da África


Os coordenadores dos Leigos Missionários Combonianos (LMC) de 12 províncias combonianas da África francófona e anglófona e Moçambique reuniram-se pela primeira vez de 10 a 16 de Dezembro, em Layibi (Uganda). Participaram do evento treze padres, uma Irmã Comboniana e nove Leigos Missionários Combonianos. 
O objectivo principal do encontro era refletir sobre a realidade dos LMC na África, de modo a contribuir para o seu crescimento a partir da especificidade africana, tendo presente os desafios atuais dos LMC no continente. 

 
“Considerou-se que os objetivos do encontro foram atingidos, embora tivesse ficado no ar a sensação de que a vocação dos LMC tenha ainda muito caminho a percorrer, de modo particular em África.”

Na casa de retiros dos missionários combonianos de Layibi-Gulu, Uganda, os 23 coordenadores combonianos e os leigos responsáveis dos LMC de África iniciaram o encontro com um momento de reflexão sobre a vocação laical, a maturidade cristã e a espiritualidade missionária do Bom Pastor, partindo de Jesus Cristo e do exemplo de São Daniel Comboni. 
Seguiu-se uma apresentação histórica dos LMC realçando os principais encontros internacionais já realizados e as suas respectivas conclusões.
Um dia e meio foi dedicado à escuta dos relatórios das 12 províncias combonianas africanas. Faltaram apenas representantes da Eritreia e da África do Sul. Esta enviou um relatório escrito. Em seguida, fez-se um trabalho de grupo para confrontar a realidade dos LMC em África com os documentos internacionais dos LMC e, entre outros, os documentos capitulares dos Missionários Combonianos (MCCJ) que fazem referência explícita aos LMC. A apresentação histórica dos LMC e dos documentos dos MCCJ esteve a cargo dos membros da Comissão Central dos LMC que organizaram o encontro: o leigo espanhol Alberto de la Portilla; o P. Günther Hofmann, da DSP (Alemanha); e o P. Arlindo Pinto, coordenador geral dos LMC, nomeado pelo Conselho Geral dos MCCJ.

“Deveria-se aprofundar alguns conceitos como, por exemplo: a missão, a vocação e a identidade dos LMC; a distinção dos diversos tipos de laicado comboniano e o percurso formativo dos LMC” 

Como resultado deste confronto, viu-se que se deveria aprofundar alguns conceitos como, por exemplo: a missão, a vocação e a identidade dos LMC; a distinção dos diversos tipos de laicado comboniano e o percurso formativo dos LMC; e outros assuntos relacionados com a comunicação, a organização e a economia dos LMC. Insistiu-se muito na vocação por toda a vida dos LMC e na obrigatoriedade de os mesmos estarem disponíveis para partirem para fora da sua realidade geográfica e cultural. Sublinhou-se também que deveria existir uma maior comunicação entre os leigos africanos locais e os leigos vindos de outros países ou continentes e que os LMC deveriam viver, quanto possível, em comunidades de leigos internacionais, visando uma autonomia económica.

Criou-se a Comissão Continental Africana dos LMC, constituída por cinco membros que se devem encontrar pelo menos cada três anos: dois provinciais combonianos, um da África francófona (P. Giovanni Zaffanelli) e outro da anglófona e Moçambique (P. José Luis Rodríguez López); dois leigos africanos, um do Congo (Dido Likambo) e outro do Uganda (Otto Bartholomeo); um leigo não africano (Carlos Barros).
O próximo encontro dos LMC mais significativo é a realização da Va Assembleia Intercontinental que acontece cada seis anos. Foi já apresentado um esboço do programa desta Va Assembleia que, desta vez, terá lugar em Maia, Portugal, de 2 a 9 de Dezembro de 2012.

Os participantes consideraram o encontro muito positivo, tendo dado nota positiva à organização, ao acolhimento, e à participação ativa de todos os combonianos e leigos. Considerou-se que os objetivos do encontro foram atingidos, embora tivesse ficado no ar a sensação de que a vocação dos LMC tenha ainda muito caminho a percorrer, de modo particular em África. No parecer de um ou outro missionário comboniano as condições requeridas para ser membro LMC são muito ideais pelo que se deveria optar por exigências mais moderadas, pelo menos neste início da sua implantação ou consolidação no continente africano.

 

Por Pe. Arlindo Pinto, MCCJ
 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Moscati: O amor que cura


"Não tendo nada, encontrei o Tudo!" é uma das frases que são ditas pelo médico, leigo, italiano do início do século XX que tinha por objetivo viver e amar o seu próximo. Homem inteligente e de grande futuro, dedica sua vida para cuidar de doentes. Este filme passou recentemente na TV Horizonte (canal 19 em MG)  e realmente desperta interesse: a vida do médico Giusepe Moscati.
O filme tem o mérito de mostrar a vida do médico, no seu dia a dia. Uma única cena o apresenta rezando e pedindo para encontrar Jesus. E ele realmente O encontrou, durante toda sua vida nos mais pobres e doentes.
Mostra que também os leigos são chamados a santidade, não é mérito exclusivo de alguns.
"O amor tem muitos caminhos", Somos chamados ao amor. E ao amar a cada um encontramos o grande AMOR. Fica a dica para conhecer mais a vida de Giuseppe Moscati.
Até mais,

Cristina

linkhttp://www.a12.com/tv/filmes/filme.asp?flm=moscati_1parte

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Maria de Lourdes regressa ao Brasil depois de oito anos de Moçambique

Maria de Lourdes é leiga missionária comboniana (LMC). Trabalhou em Moçambique durante oito anos. Durante este tempo perdeu na sua terra natal, Brasil, quatro familiares, incluindo o seu pai. Agora, chegou o momento da despedida. Regressará ao Brasil no próximo dia 19 de Dezembro. “Nestes dias tenho o coração fragilizado pela despedida, as lágrimas insistem a querer minar em meus olhos…,” escreve Lourdes na sua carta de despedida que a seguir publicamos.



















Agradecimento e partilha ao comité central dos LMC e às províncias combonianas de Moçambique, Brasil e Portugal.
Aproveito desta ocasião para agradecer a todos estes oito anos que eu estive em Moçambique, dos quais quatro directamente com a família comboniana, outros quatro no Niassa com o projecto Além Fronteira, que também teve a participação do nosso querido e estimado D. Franco Masserdoti, agora junto de Deus a interceder pela tão sonhada África.
Nestes dias tenho o coração fragilizado pela despedida, as lágrimas insistem a querer minar em meus olhos, tudo parece nebuloso, mas a certeza da nebulosidade é que virá a chuva para molhar o solo e assim preparar a terra para a machamba e depois colher os frutos e deles saciar.
Nesta noite fui surpreendida com os alunos da Escola Industrial de Carapira (E.I.C.) a cantarem na nossa varanda, saí para saúda-los e em coro me carregaram para o puarô, lá chegando me carregaram ao colo e agradeceram com palavras simples, mas carregada de gratidão, ao final a Escola me ofereceu um bonito quadro com o desenho da E.I.C.
Retorno ao meu País em 19 de Dezembro próximo e tenho certeza que não esquecerei o rosto de cada moçambicano que Deus fez cruzar na minha história de vida, aprendi muito nestes anos, com certeza não precisarei de grandes coisas pois a África da pobreza me ensinou que basta o necessário, não esquecerei as dificuldades deste povo que acorda pensando em caminhar distancias para encontrar água, distancia para chegar ao hospital e que por vezes morrem a caminho sem antes chegar a ser atendido, pois a distancia se encarrega de leva-los para Deus.
A malária que ceifam muitas vidas, por falta de medicamentos, as crianças desnutridas que aos nossos olhos é por falta de cuidados das mães, e somente Deus sabe que é a falta de informação destas que também não vêem saídas para a situação.
Experimentei muitas coisas dolorosas nestas terras, mas também muitas alegrias com este povo que insiste em sorrir diante de tantas misérias, as casas, a higiene, educação escolar, a política governamental, enfim…, o sorriso continua em tuas faces.
Em meio a tantos desafios Deus não deixou que desanimássemos mas que acreditássemos no sonho dos LMC nativos, a terra foi preparada, a semente lançada, agora cabe aos que ficam continuar a regar para que o sonho de Comboni se faça realidade.
Eu aproveito para pedir-vos desculpas por alguns incidentes, como humana sei que em alguma coisa falhei, mas o importante é que amei a todos e quando se ama também se magoa, pois a proximidade nos torna por vezes vulneráveis.
Parto com a certeza de ter acolhido o chamado de Deus em minha vida junto ao povo moçambicano.
E espero retornar dentro de um ano, para já quero e preciso reviver o filho, a família, afinal nestes tempos em Moçambique perdi 4 membros da família e não fui para o velório. Inclusive o falecimento do meu querido papai.
Agradeço às Províncias de Moçambique, Brasil e Portugal, que sempre caminhou comigo nos momentos mais difíceis e também nas alegrias.
A comunidade de Carapira nem encontro palavras, pois vivemos de fato uma grande coesão. Ao povo moçambicano, eles sabem que o que se sente, vive-se e, nestes tempos vivemos plenamente nossos anseios, desilusões, ilusões e esperanças, estes foram meus fieis companheiros no período em que fiquei só aqui na missão, se eu demorasse para abrir a porta, logo a vizinha me chamava para ver se eu acordei bem, não precisamos de muitas palavras, vivemo-las.
Deus nos abençoe,
Carinho,
Maria de Lourdes Vieira
LMC Província Brasil Sul.

sábado, 12 de novembro de 2011

Notícias de Maputo - Vanessa


Após 2 anos estando junto á Comunidade de Santa Bakita em Maputo - Moçambique, Vanessa, leiga missionária comboniana se prepara para retornar ao Brasil no final de dezembro:


«Somos aquilo que concedemos ao amor do Senhor tornar-se em nós»
Pe. Enrique Sánchez ,MCCJ ,superior geral.

            De fato quando nos abrimos para ação de Deus em nossa vida, ele realiza grandes obras. No mês de Outubro tivemos o encontro juvenil paroquial missionário, que foi realizado na comunidade da Bakita. Aconteceu um encontro muito bonito, no qual houve a participação dos missionários da Villa Regia, que deu o testemunho sobre o dia mundial das missões, o tema foi : O que é missão? Foi criado nos jovens um interesse , pela missão, um despertar para fraternidade universal, somos uma só família  em Deus, somos todos irmãos.
E no dia 31 de Outubro ocorreu o encerramento da Escolinha Comboni Marinette, esse ano foram graduados 53 alunos, que no próximo ano irão para  1ª classe, as crianças estavam animadas, juntamente com seus pais e as professoras. As crianças fizeram um teatro muito divertido e tudo foi festa e alegria. Um dia lindo, no qual fiquei emocionada porque também oficialmente era minha despedida.
E por tudo isso, eu dou graças a Deus, a graça é a virtude do amor e quem ama está na graça. A missão me ajudou muito, conhecer uma outra cultura, me proporcionou a valorizar ainda mais quem eu sou, aquilo que tenho como cultura do meu país e reconhecer que somos diferentes, mas somos todos filhos de um único Pai, unidos na diversidade.
Agora falta aproximadamente um mês para o retorno ao meu amado Brasil, para junto do meu povo, minha família. Sinto uma mistura de sentimentos, alegria para chegar o dia da viagem e também tristeza pela saída dessa missão, que me deu tantas alegrias.
Ser missionária é estar sempre disposto para partir, ir ao encontro do outro …e levar no coração sempre cada experiência vivida, por que a nossa vida está na mãos de Deus. A nossa caminhada é grande, percorremos muitos caminhos, mas  para alcançar sempre o   mesmo destino: a graça de Deus presente no irmão .
Estamos Juntos.
Vanessa LMC

domingo, 6 de novembro de 2011

LMCs em São José dos Campos

      No dia 04 de Novembro Cristina e Flávio foram até São José dos Campos, próximo da capital paulista. local onde nasceu a proposta do projeto dos Leigos Missionários Combonianos  nos anos 1995 e 1996. Também cidade natal de Lourdes, que retorna de Moçambique em Dezembro deste ano, e de Flávio, que parte para Moçambique em Janeiro de 2012.
      Foram até lá para conversar com o bispo da diocese, Dom Moacir Silva, afim de apresentar o projeto, falar das comemorações dos 15 anos, do retorno da Lourdes e do envio do Flávio. O bispo foi muito receptivo e pediu que fosse escrita uma notícia para publicar no jornal da diocese no mês de Dezembro.
      Acompanhou a conversa com o bispo o Dr. Mário Ottoboni, grande apoiador do projeto e companheiro desde a concepção do mesmo, estando junto com Valdeci e Pe. Pedro Settin no processo de formação do grupo.
Flávio, Dr. Mário Ottoboni e Cristina
      
      Após o momento com o bispo, foram almoçar na casa da família do Flávio, compartilhando alguns momentos juntos.
      Em seguida, foram à casa paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, comunidade de origem do Flávio, para conversar com o pároco e vigários a respeito do envio do mesmo para Moçambique em Janeiro do próximo ano e marcar uma missa para celebrar este momento, aproveitando para fazer a abertura da comemoração dos 15 anos, e animando missionariamente a igreja local. A missa ficou marcada para o dia 07 de Janeiro, Sábado, às 17h, na comunidade matriz da paróquia: Rua Palmares, 895, Parque Industrial. Sintam-se convidados a celebrar conosco este momento especial de nossa história!
    

Assembléia Comboniana de Animação Missionária e Promoção Vocacional

      Estivemos reunidos com a família comboniana nos dias 1 e 2 de Novembro na casa provincial dos combonianos em São Paulo para conversar e definir as atividades de animação missionária e promoção vocacional para o próximo ano. Estas atividades estarão permeadas pela comemoração dos 60 anos de presença dos missionários combonianos no Brasil.
      Estiveram presentes representantes da província dos Missionários Combonianos Brasil Sul e Brasil Nordeste, das Irmãs Combonianas e dos Leigos Missionários Combonianos.
      Foi um momento bonito de partilha de experiências, de conhecer os trabalhos realizados por cada ramo da família, de vivência da espiritualidade comboniana e oração.
      Agradecemos a Deus a oportunidade de estarmos juntos durante estes dias e rezamos para que 2012 seja um ano frutuoso em vocações missionárias e na promoção de vida digna para todos!

      São Daniel Comboni, rogai por nós!

domingo, 30 de outubro de 2011

Encontro LMC em São Paulo-SP

Hoje aconteceu em São Paulo-SP, no escolasticado comboniano, o encontro para os interessados em conhecer o Projeto Leigos Missionários Combonianos.

Tivemos a presença de Luciene e do casal Mônica e Fábio. Foi um momento muito interessante e rico de partilha de experiências de vida e de motivações missionárias. Tanto Luciene quanto Fábio já conheciam o projeto há alguns anos, mas tinham perdido o contato. Foi uma oportunidade de fazer memória e reanimar o espírito missionário!
Durante o período da manhã, contamos com a presença de Luciano, escolástico comboniano mexicano, que partilhou um pouco conosco o seu chamado e vivência missionários a partir do carisma inspirador de São Daniel Comboni.

Após o almoço, que foi um momento partilhado com os moradores da casa, conversamos um pouco mais especificamente sobre o chamado a ser LMC, nossa organização e frentes missionárias nas quais estamos presentes, também esclarecendo as dúvidas que iam surgindo.
Encerramos nosso encontro rezando para que permaneça sempre viva nossa chama missionária!

Desejamos que o exemplo de São Daniel Comboni continue também inspirando leigas e leigos a assumirem seu compromisso missionário com esta dimensão Ad Gentes, a serviço dos mais excluídos.

Você também quer saber mais sobre o grupo? Entre em contato pelo e-mail lmc@leigoscombonianos.com.br e teremos alegria em responder. Assim também podemos enviar nosso informativo para que você conheça um pouco das atividades que temos realizado! Não deixe para depois!

Um forte abraço missionário!
LMC Brasil

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Missões: Cristãos chamados a assumir «rosto» de Cristo

19/10/2011
Agência Ecclesia

Presidente da Comissão Episcopal diz que o Evangelho deve chegar aos outros de «modo feliz, ousado, pobre, despojado, próximo e dedicado»

O presidente da Comissão Episcopal das Missões defende que o nascimento de uma Igreja "toda missionária" só será possível quando cada cristão se assumir como "rosto" de Cristo, "apaixonado pela humanidade".

"É necessário converter a nossa vida, expondo-a permanentemente àquela rajada de verbos do Senhor Jesus: ‘vai, vende, vem e segue-me', e transformarmo-nos em testemunhas credíveis do Ressuscitado no nosso ambiente e em toda a parte", afirma D. António Couto, na sua mensagem para o Dia Mundial das Missões.

Esta iniciativa, que a Igreja Católica assinala no próximo domingo, pretende reforçar a capacidade de entrega, o espírito de cooperação e o trabalho voluntário de leigos e representantes eclesiais, para corresponderem melhor aos desafios da sociedade atual. (grifo nosso)

O bispo auxiliar de Braga convida cada cristão a "sair de si" e a levar a Palavra de Deus aos outros de um "modo feliz, ousado, pobre, despojado, próximo e dedicado".

Recorda ainda que o "vínculo a Cristo", base de toda a missão da Igreja, não pode ser "ignorado, esquecido ou descurado".

O Dia Mundial das Missões foi instituído pelo Papa Pio XI em 1927 e integra atualmente o mês missionário de Outubro, período que a Igreja Católica aproveita para intensificar iniciativas de informação, formação, animação e cooperação neste campo.

sábado, 24 de setembro de 2011

LMCs em Curitiba-PR


Hoje, 24 de Setembro, realizamos em Curitiba-PR um momento de convivência na casa da Guilherma, lmc brasileira que retornou de Maputo, capital de Moçambique, no final do ano passado. Participaram deste momento os LMCs Guilherma, Cristina e Flávio, e também Dione, interessada em conhecer o projeto LMC.
Iniciamos a manhã com uma oração e reflexão sobe o carinho de Deus por nós, que nos escolheu e chamou pelo nome (Is 43,1-7), um Deus que é amor e primeiro nos amou (IJo 4,7-16). Fizemos uma partilha sobre missão Ad Gentes, o carisma comboniano e a Campanha Missionária 2011 (Missão na Ecologia - www.pom.org.br). Encerramos a manhã com um delicioso almoço preparado pela Dona Olga, colaboradora do grupo LMC.

Neste mês de Outubro todos somos convidados a avançar para águas mais profundas. É nosso dever missionário promover a conscientização dentro da Igreja do Brasil do compromisso missionário como batizadas e batizados. Desse modo somos chamados a motivar esta reflexão através da vivência da Novena da Campanha Missionária, ajudando nossas comunidades a perceberem esta dimensão da nossa Igreja. Você pode encontrar o material de textos e vídeos da campanha no site das Pontifícias Obras Missionárias (www.pom.org.br). Convide um grupo e realize estas reflexões, motive a realização em sua paróquia e comunidade.

Que São Daniel Comboni nos anime e inspire sempre mais neste espírito missionário!
Permaneçamos unidos na graça do Cristo!

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Notícias de Vanessa

Nos escreve sobre seu trabalho e missão junto a área de educação, a pedagoga Vanessa Carvalho - lmc brasileira que encontra-se na cidade de Maputo - capital do Moçambique:

"Esse ano, além de trabalhar na Escolinha, também de forma oficial, comecei a dar aula de reforço escolar. No primeiro semestre foi para os alunos da 1ª classe (6 e 7 anos de idade) que não sabiam ler e escrever, não conseguiam identificar as letras do alfabeto. No total foram 7 alunos. No segundo semestre comecei a trabalhar com alunos da 5ª classe (10 e 11 anos), são 10 alunos que possuem dificuldades em português e matemática e alguns não sabem ler.



Na escolinha trabalho na parte administrativa e pedagógica, entretanto não sou professora.E agora, com as aulas de reforço, me realizei como docente, um outro presente de Deus em minha vida.O processo educativo é gradual, a criança precisa de atenção e dedicação para aprender.O meu grande trabalho na aula de reforço foi esse dar atenção para cada educando, criei atividades diversificadas e brincadeiras que auxiliam na aprendizagem, assim sendo os alunos começaram aos poucos aprender.


Para mim é uma alegria reconhecer que o aluno conseguiu vencer a sua dificuldade.É muito gratificante perceber o crescimento de cada aluno, me deixa orgulhosa no meu papel de mediador, sinto me realizada.


Como sempre digo é sempre um dom ajudar o outro, sair do nosso mundo, acabei aprendendo muito mais, é uma troca de conhecimento, uma aprendizagem mútua.


É missão ensinar, educar e aprender.Deus sempre “usa” as pessoas para nos demonstrar seu amor por nós. Eu sem dúvida estou feliz nessa missão e agradeço ao Senhor, pelas maravilhas que ele está realizando em minha vida.


Na graça.


Estamos Juntos".


Vanessa LMC

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Flávio em Brasília - CCM

De Brasília, onde desde o dia 28 de agosto encontra-se participando do curso para os missionários brasileiros que partirão em breve para a missão Além Fronteiras, Flávio escreve:

"Agradeço a grande oportunidade que me está sendo proporcionada! Estamos no 3o dia, mas a intensidade da formação e convivência me dá a sensação de estar aqui há mais tempo! Realmente é um curso necessário e muito rico!


Novidades! Estamos na net! Seguem as notícias do curso na CNBB e na POM (é o mesmo artigo, só muda a ordem das fotos...rs).

http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/7489-curso-no-ccm-oferece-mecanismos-praticos-e-teoricos-para-missionarios-alem-fronteiras


http://www.pom.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=184:comeca-curso-no-ccm-para-missionarios-alem-fronteiras&catid=16:nacionais&Itemid=8

Um grande abraço missionário,
Até breve!"

Flávio Schmidt, lmc

sábado, 20 de agosto de 2011

Mobilização Global contra Belo Monte


Hoje, 20/08, o Brasil vai às ruas para protestar contra a destruição da Amazônia. E diversos países nos cinco continentes realizam atos de solidariedade em frente às Embaixadas/Consulados brasileiros no dia 22/08.

Nos últimos meses, a população brasileira vem testemunhando sucessivas agressões contra a Amazônia e os povos da floresta:

1. O governo autorizou o início da construção da usina de Belo Monte, no rio Xingu

2. A Câmara dos Deputados aprovou mudanças no Código Florestal que diminuem a proteção das nossas matas

3. Lideranças comunitárias na Amazônia continuam sendo vítimas de assassinato e violência na região

Vivemos um momento politico bastante complex e delicado, que pode definir o futuro da humanidade. Chega de destruição na Amazônia.

O projeto Belo Monte é um exemplo cabal de ineficiência energética: apesar da propaganda do governo de que será a 3ª maior hidrelétrica do mundo (em tamanho), produzirá, em média, apenas 39% da eletricidade que promete. Além disso, é um projeto absurdamente caro (cerca de R$ 30 bilhões, dos quais 80% são dinheiro do povo, a ser desembolsado pelo BNDES), e foi imposto pelo governo através de um processo brutal de sucessivas violações da legislação e da Constituição nacionais, e de acordos e tratados internacionais.

Acima de tudo, porém, o projeto de Belo Monte vai impactar de forma irremediável a vida das populações locais, da fauna e da flora do Xingu, destruindo e secando parte de um dos mais belos e ricos rios do mundo, e transformando a região em terra arrasada. E os reflexos já são visíveis: Altamira foi campeã de desmatamento nesse primeiro semestre.

Um número cada vez maior de brasileiros está saindo às ruas para exigir a proteção do nosso maior patrimônio socioambiental: a floresta amazônica e respeito aos direitos humanos; e conta com a solidariedade da comunidade internacional. Juntos, podemos fazer a diferença!

Você pode ajudar a proteger a Amazônia

Diversos protestos estão sendo organizados no Brasil. O próximo sábado, 20/08, será marcado por atividades contra a construção de Belo Monte e contra as mudanças no Código Florestal em diversos estados.

E, no dia 22/08, diversos países nos cinco continentes vão mostrar sua solidariedade ao povo brasileiro, protestando em frente às Embaixadas/Consulados Brasileiros ao redor do mundo.

Participe!

1. No site http://www.xinguvivo.org.br/acao/, você encontra a lista das atividades programadas no Brasil (20/08) e internacionalmente (22/08)

2. Se você tiver informações adicionais sobre cidades, países, locais e horários de protestos e concentrações, por favor, encaminhe para o email: campanhaxingu@gmail.com.
3. Registre sua atividade com fotos e vídeos, e envie para: campanhaxingu@gmail.com, Xingu Vivo no Facebook e @xinguvivo.
O Xingu agradece!
(Fonte: http://www.xinguvivo.org.br/acao/)

“Não é hora de jogar a toalha e pendurar as chuteiras” na luta contra Belo Monte. Entrevista especial com Dom Erwin Kräutler

Entrevista cedida em 3/8/2011 ao IHU - Instituto Humanitas Unisinos
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=45916




“Não é hora de jogar a toalha e pendurar as chuteiras” na luta contra Belo Monte. Entrevista especial com Dom Erwin Kräutler




“Muita coisa mudou, infelizmente para pior”, declara D. Erwin Kräutler, ao avaliar a situação de Belo Monte, um ano depois de ministrar palestra no Instituto Humanitas Unisinos – IHU sobre as implicações da construção da usina em Altamira, no Pará. Com a eleição presidencial de Dilma Rousseff, D. Erwin esperava que o governo ficasse “mais sensível às angústias dos povos do Xingu”, mas o diálogo não aconteceu e a presidenta “continua a rezar na mesma cartilha de seu pai político”.

Após ter recebido autorização para implantar o canteiro de obras no início do ano, em junho, a Norte Energia S.A. recebeu, do Ibama, a licença de instalação para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. “Os órgãos Ibama e Funai agem sob pressão. Os presidentes dessas autarquias federais ou concordam com Belo Monte e defendem os interesses do governo ou, então, se eles não estiverem dispostos a deixar o cargo, são exonerados”, assinala o presidente do Conselho Indigenista Missionário – CIMI.

Segundo D. Erwin, as primeiras máquinas já chegaram a Altamira, instalando o “caos imobiliário. O preço dos imóveis sobe em até 1.000%. Aluguéis de casas passam de 500 para 1.500 reais. Pior é a sorte de pobres que vivem em barraco alugado e pagavam em torno de 100 reais por mês. Agora são condenados a pagar 500 reais”.

Na entrevista a seguir, concedida por e-mail à IHU On-Line, D. Erwin também fala sobre a insegurança instaurada na região e o dilema frente ao futuro das comunidades e dos povos do Xingu, que há mais de 30 anos lutam contra a construção de Belo Monte.

D. Erwiin Kräutler é bispo de Altamira-PA e presidente do Conselho Indigenista Missioneiro – CIMI.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Há um ano o senhor ministrou uma palestra sobre Belo Monte no IHU. O que mudou em relação a Belo Monte neste período?

Erwin Kräutler – Muita coisa mudou, infelizmente para pior. Saiu Lula, entrou Dilma, sua fiel discípula e a genitora do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Não esperávamos que a política do não dialogo com a sociedade civil mudasse. Mas pensávamos que, como mulher, Dilma fosse um pouco mais sensível às angústias dos povos do Xingu. Qual nada!

Ainda no governo Lula, em 1º de fevereiro de 2010, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu licença prévia para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, embora tal figura jurídica não existisse na legislação ambiental brasileira. A partir daquela data ficou claro que Belo Monte não é uma decisão técnica, mas eminentemente política. O que o governo até então fez questão de negar, agora se torna evidente: os órgãos Ibama e Funai agem sob pressão. Os presidentes dessas autarquias federais ou concordam com Belo Monte e defendem os interesses do governo ou, então, se eles não estiverem dispostos a deixar o cargo, são exonerados. Mesmo assim, a licença prévia de fevereiro de 2010 faz depender a autorização de uma lista de 40 condicionantes elencadas pelo Ibama e outras 24 condicionantes indígenas que vão desde a defesa das tartarugas (quelônios), do saneamento básico de Altamira e Vitória do Xingu como ações antecipatórias, até a demarcação física das Terras Indígenas Arara da Volta Grande e Cachoeira Seca, desintrusão da Terra Indígena Apyterewa e reassentamento dos ocupantes não indígenas, embora até esta data ninguém saiba em que lugar.

Ao assumir a presidência da República, Dilma não deixa nenhuma dúvida que está decidida a tocar Belo Monte sem dar satisfação a quem quer que seja. Em 26 de janeiro de 2011 o presidente substituto do Ibama, Américo Ribeiro Tunes, autoriza ao consórcio Norte Energia a proceder à “supressão de vegetação” para implantar o canteiro de obras. Também essa autorização carece de base na legislação ambiental brasileira. Lula já não se importou com normas legais e considerou os índios “entraves” e os artigos da legislação ambiental “penduricalhos” para o desenvolvimento do país. Dilma continua a rezar na mesma cartilha de seu pai político. Lula declarou que Belo Monte terá que sair “de qualquer jeito”. Dilma permanece surda a quaisquer reclamações e não se deixa impressionar por manifestações em frente ao Palácio do Planalto como também não liga para os argumentos técnicos, contidos na Nota Pública do Painel de Especialistas, composto por 40 cientistas, pesquisadores e professores universitários. Em 8 de fevereiro de 2011, um abaixo-assinado com 600.000 assinaturas e uma carta foram entregues ao ministro substituto da Secretaria Geral da Presidência, Rogério Sottili, que, solenemente, se compromete a entregar os documentos à presidenta e vê nisso o ápice de sua carreira política. Nada de retorno, nem sequer uma simples acusação de recebimento.

Finalmente, em 1 de junho de 2011, a Norte Energia S.A., por ter, segundo o Ibama, cumprido “de forma exemplar todas as etapas necessárias”, obtém a Licença de Instalação para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Curt Trennepohl, presidente do Ibama, não sentiu nenhum embaraço ao declarar: “O processo de licenciamento é dinâmico. Nesse momento, concluída a análise técnica e elaborado o relatório, todas as 40 condicionantes estão cumpridas”. Estamos diante de uma mentira colossal, divulgada pela mídia nacional e internacional, pois na realidade a própria Norte Energia admitiu, em um ofício ao Ministério Público Federal, não ter cumprido as exigências e confessou que o cumprimento das condicionantes era apenas projetado. O Ministério Público Federal decide mover mais uma ação contra a construção de Belo Monte e argumenta que “o consórcio empreendedor não está cumprindo as condicionantes nas áreas de saúde, educação, saneamento, navegabilidade e no levantamento das famílias atingidas”. Raul do Valle, advogado e coordenador adjunto do Instituto Socioambiental – ISA, lamenta: “O Judiciário está infelizmente fechando os olhos para as irregularidades do processo. Os juízes de Altamira, mais próximos da realidade, até que vêm cumprindo seu papel, pois sabem o que pode ocorrer na região. Porém, todas as decisões caem em poucas horas no Tribunal Regional Federal em Brasília, onde o lobby da Advocacia Geral da União e da empresa se faz mais forte. É o tribunal colaborando com a política do fato consumado”.

Em resumo: em seu desvario ditatorial, o governo não se sente na obrigação de dar informações ou explicações ao povo. É a política do rolo compressor – doa a quem doer. E as empresas que executam as obras se revestem de uma prepotência asquerosa. A prova disso é a fala de José Ailton de Lima, participante dos consórcios responsáveis pelas obras do complexo Madeira e da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Numa arrogância de tirar o fôlego, ele brada: “Não existe a opção de dizer que vamos ouvir o povo e que, se ele disser que não sai da região a ser alagada, isso vai mudar algo, porque não vai. A usina vai ser construída de qualquer maneira. Os governos são democraticamente eleitos e eles têm autoridade para fazer a lei valer! (...) Os índios não têm mais direitos que a gente, brasileiros; eles têm que se comportar de acordo com as nossas regras... O Raoni pode chorar um rio inteiro do lado do Xingu, porque a obra vai ser construída”.

IHU On-Line – Altamira já está sofrendo mudanças com o prenúncio das obras?

Erwin Kräutler – As primeiras máquinas pesadas chegam e em Altamira se instala o caos imobiliário. O preço dos imóveis sobe em até 1.000%. Aluguéis de casas passam de 500 para 1.500 reais. Pior é a sorte de pobres que vivem em barraco alugado e pagavam em torno de 100 reais por mês. Agora são condenados a pagar 500 reais. Como um pai de família vai conseguir este dinheiro se não tem emprego fixo, vive de biscate e sua renda mensal nunca chega a um salário mínimo? O caos aumenta ainda mais porque, até agora, a Norte Energia não definiu ou certamente não achou o local para o reassentamento de milhares e milhares de famílias que serão arrancadas de seus lares. A insegurança quanto ao futuro leva muita gente ao desespero. Não sabendo para onde correr invade terrenos no perímetro urbano. Resultado: a Justiça manda a polícia retirar as famílias. E se repete o que lemos no Evangelho “Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a fugir para uma terceira” (Mt 10,23). As famílias são humilhadas e enxotadas de um terreno e, logo em seguida, invadem outro. Novamente a polícia é acionada para cumprir mandato de reintegração de posse. É uma reação em cadeia. O que resta às famílias é tentar mais uma invasão e aguardar a polícia chegar, para serem despejadas outra vez.

Os povos indígenas e os ribeirinhos da Grande Volta do Xingu também não sabem o que vai acontecer com eles. Um enorme paredão vai separar esse povo da cidade de Altamira. Como levar doentes para o hospital? Como e onde fazer a feira? Não há resposta.

Mas existe ainda outra grande incógnita: o que acontecerá com as famílias dos agricultores? Para onde serão transferidas? Herdaram seus sítios dos antepassados. Sempre plantaram e colheram arroz, feijão, milho e mandioca. Nunca passaram fome. Ultimamente, investiram em cacau com muito bons resultados. O peixe é abundante na região e, obviamente, o prato preferido do povo. Mas o rio, numa extensão de 100 quilômetros, praticamente vai secar. Para onde serão levadas essas famílias? Receberão outro lote equivalente de terra agriculturável ou serão simplesmente mandado embora com alguma indenização insignificante? Onde vão pescar? De que vão viver? Onde vão plantar e colher para sobreviver? O governo, o Ibama, a Funai, o consórcio Norte Energia se escondem por trás de outro paredão: o silêncio.

Outro problema que se aguça cada vez mais é a saúde pública. Com a vinda, a cada dia que passa, de mais e mais famílias para Altamira, os hospitais estão superlotados e sem condição de atender a todos os que necessitam de tratamento. É outro motivo de desespero para muitas famílias. E o presidente do Ibama ainda tem a petulância de afirmar que todas as condicionantes foram cumpridas, quando a saúde pública corre sérios riscos de entrar em colapso! É a política do vale-tudo, a política de distorcer fatos para iludir a nação!

E a educação? E a corrida para vagas nos colégios da cidade (situação que está longe de ter condições de atendimento segundo a demanda)? E o saneamento básico, prometido para as cidades de Altamira e Vitória do Xingu? Outras indagações sem resposta.

IHU On-Line – Como senhor vê a posição da sociedade civil em relação a Belo Monte? A sociedade não sabe como se manifestar diante de Belo Monte?

Erwin Kräutler – A sociedade altamirense está dividida. Quem tem uma visão desenvolvimentista do progresso defende Belo Monte. São políticos e prefeitos, irmanados no Consórcio Belo Monte, e empresários que sempre sonharam com vultosas somas de dinheiro e consideram o projeto a “salvação” e “redenção” do oeste paraense. “Não há desenvolvimento para a região, a não ser com Belo Monte!” grita o deputado federal Wandenkolk Gonçalves após um debate irradiado por um canal de televisão local, como se o povo de Altamira só tivesse direito a um mínimo de respeito e de aplicação de impostos auferidos pelo governo federal, se concordasse com a destruição do seu entorno e o alagamento de um terço de sua área urbana. Mas estes defensores da barragem, que dois anos atrás alardeavam o seu apoio com adesivos “Queremos Belo Monte”, fixados em seus carros, já não estão tão seguros de que Belo Monte vai trazer tantas vantagens e começam a denunciar a morosidade, gritam contra a prepotência do Consórcio Norte Energia e exigem a realização das obras prometidas. Antes, em reuniões cerimoniosas e lautos banquetes, bajularam os representantes de Eletronorte, Eletrobras e Norte Energia como se fossem uma espécie de salvadores da pátria. Hoje são bem mais tímidos e cautelosos e fazem campanha de outdoors, reivindicando o cumprimento das promessas. Aos poucos parecem cair na real.

Em cima do muro

Há um outro grupo que continua em cima do muro. São pessoas que, por falta de informações precisas, acreditam que vão receber grandes indenizações a permitir-lhes uma vida folgada no futuro. Há ainda quem é contra Belo Monte, mas não tem coragem de manifestar sua opinião por medo de eventuais represálias ou retaliações que suas famílias podem sofrer.

Mas existem grupos de pessoas da sociedade civil organizada que há trinta anos se declaram contra a barragem e nunca cansaram de alertar a população sobre as suas consequências imprevisíveis e os estragos irrecuperáveis ao meio ambiente. Considero esse movimento uma verdadeira façanha diante das hostilidades, difamações e até ameaças que os seus membros, há três décadas, estão sofrendo. Essas organizações sempre contaram com assessoria de alta qualidade e competência. Mulheres e homens de Altamira nunca se deixaram intimidar na luta contra aquilo que chamam hoje de “Belo Monstro” ou então de “Belo Monte de Mentiras”. Conseguiram, com sua posição intransigente de defender o “Xingu Vivo para Sempre”, grande repercussão em nível nacional e alertaram também a comunidade internacional a respeito do desastre que atingirá toda a Amazônia com a construção de Belo Monte e de outras dezenas de hidrelétricas, projetadas para essa macrorregião. O governo nunca conseguiu rebater e dirimir as críticas ao projeto, baseadas em estudos de cientistas de ponta das melhores universidades do país, de renome nacional e internacional. Mesmo que o presidente Lula exigisse de seu setor energético, durante a nossa audiência em 22 de julho de 2009, uma resposta imediata aos argumentos dos professores Célio Bermann e Oswaldo Sevá Filho, esta não veio até hoje. Com o silêncio que já dura dois anos, os integrantes do setor energético do governo dão prova de reconhecerem que os argumentos de inviabilidade ambiental, social e também financeira da UHE Belo Monte são realmente imbatíveis. Caso contrário teriam falado.

Na realidade, Belo Monte não é mais assunto restrito à região do Xingu ou ao estado do Pará. A rejeição do projeto já assume proporções nacionais. Lembro apenas, a título de exemplo, as duas mil pessoas que participaram dia 19 de julho de 2011 de uma manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo. Sarah de Castro se fez porta-voz dos manifestantes e gritou: “Não engolimos mais os crimes ambientais e sociais em nome do ‘desenvolvimento’. Não quero na minha casa uma energia gerada à custa de vidas alheias”. Os protestos se intensificam, mesmo que o governo os ignore. Até quando conseguirá fazer vista grossa às inúmeras manifestações?

IHU On-Line – Este ano, o senhor solicitou uma audiência com a presidenta Dilma e não foi recebido. Por que ela não pode lhe receber e qual seu sentimento em relação a isso?

Erwin Kräutler – De fato, encaminhei pedido de audiência com a presidenta Dilma para apresentar-lhe mais uma vez nossas angústias e preocupações e os motivos que fundamentam nossa posição contra Belo Monte. Diferentemente do que solicitei, foi me aconselhado um encontro com o Ministro de Estado da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. No entanto, alguns dias antes do encontro marcado, o Senhor Ministro declarou em alto e bom som: “Há no governo uma convicção firmada e fundada que tem que haver Belo Monte, que é possível, que é viável... Então, eu não vou dizer prá Dilma não fazer Belo Monte, porque eu acho que Belo Monte vai ter que ser construída”. Diante desta posição fechada, o que ainda iria falar com o Ministro? Decidi declinar do convite.

IHU On-Line – O senhor viajou recentemente para a Europa? O debate sobre Belo Monte repercute de alguma maneira lá?

Erwin Kräutler – Há tempo o projeto Belo Monte é conhecido na Europa. Os meios de comunicação o comentam no mesmo patamar do assustador empreendimento chinês da Hidrelétrica de Três Gargantas. A empresa alemã Voith Hydro, em conjunto com a Andritz AG da Áustria e Alstrom da França, firmou um contrato de 443 milhões de euros para confeccionar as turbinas. As reações, especialmente na Áustria e na Alemanha, não tardaram. Milhares de pessoas participam de manifestações em frente às sedes destas firmas e exigem a anulação do contrato, pois entendem que é antiético e imoral fazer negócios às custas da desgraça do povo em outros países. Lamentavelmente, as empresas reagem aos questionamentos apenas repetindo as mentiras do governo brasileiro que declara terem sido observados todos os parâmetros legais e as condicionantes cumpridas. Não se dão o luxo de verificar in loco se o governo diz a verdade. É mais cômodo repetir as mentiras do que arriscar perder contratos milionários. O dinheiro fala bem mais alto do que a ética e faz tais empresas perder qualquer escrúpulo.

IHU On-Line – Como o senhor se sente após lutar contra Belo Monte e saber que, apesar das manifestações contrárias, a obra será construída?

Erwin Kräutler – Primeiramente, creio que não é hora de jogar a toalha e pendurar as chuteiras. Os processos movidos pelo Ministério Público Federal aguardam ainda julgamento, embora eu já esteja bastante cético em relação ao resultado. Mas ainda não deixei de acreditar no Brasil como Estado de Direito que respeita sua Constituição. Assim, faço votos de que o governo não manipule ou corrompa o poder judiciário, que exerce a missão constitucional de zelar pelo cumprimento da Carta Magna do país e de denunciar quaisquer violações. Por outro lado, causa-me arrepios ter que me dar conta de que o governo se mostra totalmente insensível aos protestos e argumentos contra Belo Monte. Dói realmente ver deputados que ajudamos a serem eleitos e lutaram ao nosso lado pela mesma causa, guiados pelos mesmos ideais de construir um outro Brasil, jogar agora no time oposto. O que antes condenaram como agressão à Amazônia, defendem hoje como única maneira possível de desenvolver esta região. Voltaram as costas ao povo que os elegeu.

IHU On-Line – Perdemos em todas as frentes na luta contra a construção de Belo Monte ou ganhamos em alguma?

Erwin Kräutler – No contexto de Belo Monte não cabe o emprego da antítese “ganhar/perder” como se fosse um jogo entre dois times: governo versus adversários da barragem. A questão crucial situa-se nas consequências concretas do empreendimento para o Brasil e o planeta Terra. É aí que reside o problema. Será que o Brasil ganha realmente com a vitória do governo e a derrota dos que se opõem a Belo Monte? Governo entra e sai. A faixa presidencial é passada de uma pessoa a outra, homem ou mulher. Mas o Brasil continua existindo até que soe a última trombeta (cf. 1Cor 15,52). Que Brasil teremos daqui para frente? Que Amazônia teremos? Que mundo teremos? Sabemos que a Amazônia exerce uma função reguladora do clima do planeta. Construir Belo Monte será o golpe fatal no coração da Amazônia, pois causará um tremendo efeito dominó. Seguirão outras barragens no Xingu para evitar que a capacidade de produzir 11 mil MW de energia caia durante os meses de verão tropical, quando o volume d'água é insuficiente para fazer funcionar todas as turbinas. Todo o Xingu será sacrificado. E vem o complexo Tapajós, composto de cinco usinas, e a usina de Teles Pires em Mato Grosso. A previsão do governo é de mais 61 hidrelétricas. As maiores delas ficarão na Amazônia. A própria Empresa de Pesquisa Energética – EPE, do Ministério das Minas e Energia, admite que 15 delas vão interferir diretamente em áreas de conservação ambiental, 3 indiretamente, 13 afetam direta ou indiretamente reservas indígenas. Ao lado dos desmatamentos anuais que já devastaram áreas enormes, deixando um rastro de fogo e cinza na Amazônia, aparece agora o espectro da “supressão da vegetação”, em maior escala ainda, para fins energéticos.

No dia 3 de junho de 2007, representantes de povos indígenas do Xingu foram até a orla do rio para celebrar o encerramento de seu encontro realizado no Centro Betânia em Altamira. Um índio kayapó subiu na carroceria de um caminhão. Contemplou a maravilha cativante das águas verdes-esmeralda. Depois dirigiu o olhar para a ilha do Arapujá, bem defronte de Altamira, ameaçada de ser submersa por um lago podre que, como recordação lúgubre do paraíso perdido, deixará apenas esqueletos cinzentos de árvores, hoje ainda frondosas. Finalmente, divisou no horizonte a Terra dos Assurini, antiga pátria de outro povo xinguara, forte e livre no passado. Mais uma vez mirou as águas misteriosas do “Bytire” que narram a milenar história da vida de seu povo e exclamou: “O que será de nossas crianças?”.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vocação Missionária

Realizamos no início de janeiro,  um bate papo sobre vocação missionária além fronteiras com a leiga missionária comboniana Guilherma Vicenti, que retornou ao Brasil, mais precisamente para Curitiba, Paróquia de Santa Amélia,  depois de 3 anos de Missão em Moçambique.  Foi uma conversa boa, com uma mulher forte, dinâmica que deseja continuar vivendo o chamado de Deus em sua vida.





INFORMATIVO LMC: Quanto tempo você ficou no Moçambique?

Retornei ao Brasil no dia 30 de novembro de 2010 depois de 3 anos de presença em Maputo – Moçambique. Cheguei na Comunidade Eclesial da Bakita em janeiro de 2008 e dediquei-me com muito empenho ao trabalho da promoção da mulher, ensino da costura como profissionalização e geração de renda. Foi uma linda e também nova experiência, pois antes estive por 3 anos em Nipepe ao norte de Moçambique, tendo vivido realidades e experiências muito diferentes.

INF: Onde você morou nestes 3 últimos anos?

Em Maputo, que fica ao sul de Moçambique, moramos na periferia. Minha presença esteve diretamente ligada a comunidade da Bakita. Não sai deste espaço, fiquei envolvida com o dizimo, a liturgia, as aulas de corte e costura, a horta e nossos pequenos vizinhos de porta: as crianças da creche que fica ao lado de nossa casa.
Fiz comunidade de vida com a Vânia, leiga comboniana de Portugal e agora neste ano com a Vanessa, brasileira.

INF: Como foi sua vida lá?

Procurei dar testemunho com minha vida, sem muitos discursos. Passei a maior parte do meu tempo na sala de costura que fica ao lado de nossa casa. Trabalhei com várias turmas de manhã, tarde e noite. Apresentei noções básicas de corte, costura, ética profissional; me aperfeiçoei em relações humanas, fui catequista, confidente,... fiz muitos amigos, tendo com certeza passado umas 150 pessoas pela nossa salinha: mamas, homens e jovens.



Inf: Agora com seu retorno qual sua avaliação?

Foi muito pouco tempo para esperar grandes resultados. Mas o pouco feito com certeza fez a diferença para muitas pessoas. Alguns conseguiram emprego, 2 mulheres até na África do Sul, como costureiras. Outros gerando renda na própria casa, costurando uniformes, roupas, realizando consertos. Sem falar na comunidade de fé, que foi uma troca bonita. Foram 3 anos de dedicação sem muito alvoroço, tentando viver o que Comboni nos pediu: “ser pedra escondida” no meio do povo, porque ser missionária para mim foi assumir o dia a dia, a rotina da vida, que por ser batizada e acreditar na Boa Nova de Jesus Cristo chamamos de missão... Engana-se quem parte para missão e espera somente a novidade, o diferente. O encontro com o Deus da Vida através do irmão se dá na maior parte do tempo na dureza da rotina diária.

INF: Neste tempo que mudanças você percebeu?



Vi pequenas transformações acontecerem ao nosso redor. Algo que eu acho significativo, pois era meu “desestress” foi a horta. Atrás da nossa casa era onde se despejava o lixo da creche. Com muito empenho e paciência transformamos numa horta, passamos a enterrar o lixo orgânico para enriquecer a terra e pudemos comer muita couve, rúcula, mamão, tomate, amendoim, colhidos ali mesmo.

INF: Qual foi sua proposta de atuação junto ao pessoal?

Meu jeito de trabalhar nunca se limitou a ensinar a cortar e costurar. Dentro destas horas que passávamos juntos procurei falar de economia, organização; evangelizava por meio de musica, principalmente as do padre Zezinho, falando da vida, do casamento,... Depois de quase um mês de ambientação do grupo (que vinham de várias paróquias da região) nos tornávamos uma família. Uma senhora que não tinha condição de pagar a chapa, (a condução) andava quase 2 horas para chegar no curso e revelou-se uma das melhores alunas.

INF: Que sementes você procurou plantar?

A sensação de vitoria e a realização de cada um estampada no rosto ao terminar a sua roupa foi muito gratificante. Busquei sempre saber qual era o sonho dos alunos. Sempre diziam que queriam fazer o vestido de noiva, mas fazer a base foi um grande desafio. Eu procurei deixar uma boa base para a realização deste sonho. Aprender a costurar, a cortar, a necessária organização, o compromisso, a fazer bem feito, sem desperdício, com aproveitamento do tecido e criatividade. Descobrir seu potencial.

INF: Quais os maiores desafios enfrentados?

Para os alunos o grande desafio inicial acaba sendo a matemática, as medidas, as horas de prática necessárias na máquina. Fizemos muita costura e manuseio com os retalhos.

Para nós o grande desafio é a continuidade do projeto. Desde o primeiro grupo busquei pessoas para formar como costureiras: “Salvar a África com a própria África”, mas o processo é longo. Agora termino este tempo consciente de que é preciso ainda continuar acompanhando o trabalho.

INF: Como foi completar suas 70 primaveras em Missão?

Completei meus 70 anos na missão! Quando fiz 68 anos eles disseram que eu iria completar os 70 anos lá. Achava que não, pois eram previstos só 2 anos, mas Deus me deu a graça de continuar e completar 3 anos de presença missionária.

Hoje estou no Brasil para fazer férias, rever a família, tratar a saúde, porém tenho colocado minha vida nas mãos de Deus, pois se for de Sua Vontade tenho disposição e desejo de retornar!