terça-feira, 23 de junho de 2009

A voz de Deus agora


"É fácil, relativamente fácil, escutar o chamado de Deus através dos acontecimentos do nosso tempo e do nosso meio. Difícil é não parar em atitudes emotivas de compaixão e de pesar. Dificílimo é arrancar-nos do comodismo; quebrar estruturas interiores (as mais duras e penosas de quebrar) ; deixar-nos revolver pela graça; decidir-nos a mudar de vida; a converter-nos! D. Helder Câmara



Vem, Senhor


Não sorrias,

dizendo

que já estás conosco.

Há milhões que não Te conhecem.

E de que basta conhecer-Te,

de que adianta Tua vinda,

se para os Teus

a vida continua igual?...

Converte-nos!

Revolve-nos!

Que a Tua mensagem

se torne carne de nossa carne,

sangue do nosso sangue,

razão de ser de nossa vida.

Que ela nos arranque

do comodismo

da boa consciência!

Seja exigente,

incômoda,

pois só assim

nos trará a paz profunda,

a paz diferente,

a Tua paz!...


(Do livro: O deserto é fértil. D. Helder Câmara. p. 25-26.)

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dia da Criança em Moçambique

MWANA – CRIANÇA.

AQUI EM MOÇAMBIQUE CELEBRA-SE O DIA DAS CRIANÇAS, NO PRIMEIRO DE JUNHO.

“A criança como a pequenez é o arquétipo, o paradigma, o critério e a chave cordial para a compreensão de todas as componentes essenciais da biosfera e biosofia do Makua xirima. Para compreender o comportamento de Deus, dos espíritos, da autoridade, da vida matrimonial..., o Makua xirima não se cansa de repetir que é preciso assumir a criança como ícone básico capaz de desvelar e resolver os enigmas da existência humana”.

Provérbios Macua:

· A criança é como o galo com o seu choro desperta os adultos ao amanhecer.

· Nunca se mostra a uma criança o espelho, pode assustá-lo.

· O espírito é como uma criança: embala-se.
· As crianças são como espírito: fácil a zanga e ao sorriso.

· Gerar filhos é cercar o quintal.

· A criança não sente vergonha é como o galo.

· Os filhos são como a primavera: é agradável observá-las.

· O lar sem criança não é respeitado.

· As crianças são como pombos: crescem alimentadas com comidas gugurgitada.

· A criança é como o mel, não se cava de cima.

· A criança não esquece a voz da mãe.

· Brincar com crianças é sorrir para elas.

· A criança é semente de Deus.

· Deus é criança: toda a sabedoria esta com ele.

Queridos amigos, estou bem e com saudades.
Rai Soares - leiga missionária brasileira atuando em Lichinga

Espiritualidade bíblica – Pentecostes: o nascimento da Igreja


A criação da comunidade messiânica:
No dia de Pentecostes, o Espírito de Jesus encheu os corações dos seus discípulos e discípulas, quando estavam reunidos.
Nós, também, no batismo, nascemos para a vida no Espírito e cada dia renascemos continuamente para o projeto de Deus, procurando falar a linguagem do Espírito a todos os povos do mundo de hoje.
Segundo o evangelho de João, Jesus se manifesta aos seus amigos na tarde do domingo de Páscoa; esta referência à tarde de domingo reflete a práxis cristã de se reunir para celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus. Os discípulos, porém, estão de portas fechadas; são uma comunidade medrosa, pois ainda não possuem o Espírito Santo. O medo é como um freio que lhes bloqueia a tarefa de testemunhar o Cristo ressuscitado.
Doutro lado, as portas fechadas mostram o novo estado de vida do ressuscitado, para quem não há barreiras. Jesus se apresenta no meio da comunidade. De fato, ele é o centro e a razão de ser da comunidade. Logo saúda os discípulos: “A paz esteja com vocês”; e, depois destas palavras, mostrou-lhes as mãos e os pés”. As cicatrizes do Mestre indicam que o ressuscitado não pode ser anunciado apenas em seu aspecto glorioso; aquelas mãos e aqueles pés transpassados na cruz são a memória permanente das torturas sofridas.
A comunidade, fortificada pela presença do ressuscitado, está pronta para continuar a missão que ele recebeu: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês. Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles, dizendo: Recebam o Espírito santo”. O sopro de Jesus é a nova criação e remete ao que Deus fez quando criou o ser humano (Gn 2, 7). É o sopro da vida nova. Assim nasce a comunidade messiânica.
A comunidade continua a missão de Jesus
Jesus presente transforma totalmente a situação medrosa da comunidade dos apóstolos, capacitando-os a ser os anunciadores da sua vitória sobre os mecanismos de morte. Reunidas pelo Espírito de Jesus, as comunidades cristãs de hoje, com seus comportamentos e estilo de vida, provocam o julgamento de Deus sobre o mundo, anunciando a boa-nova do evangelho e denunciando todas as opressões que a destroem. Todavia, ninguém possui plenamente o Espírito, e ninguém está privado dele; só na união de todos, formando a comum-unidade, é que cresce o corpo de Cristo, o templo do Espírito Santo, a Igreja que somos.
Os cristãos têm a tarefa de continuar o projeto de Deus, manifestado na Paixão-Morte-Ressurreição de Jesus. Este projeto é sintetizado desta forma: “Os pecados daqueles que vocês perdoarem serão perdoados; os pecados daqueles que vocês não perdoarem não serão perdoados”. Seja claro que esta frase de Jesus não tem nada a ver com o sacramento da penitência, chamado impropriamente por muitos de “confissão”. O pecado é essencialmente comprometer-se com a ordem injusta que levou Jesus à morte na cruz.
Hoje em dia, também, há muitas ordens injustas que continuam matando gente. Ora, Jesus veio para que todos tenham vida e vida em abundância. Mas este projeto recebeu e continua recebendo forte oposição dos que querem a vida só para si mesmos. Aí está a raiz do pecado, de acordo com o evangelho de João. Portanto, os pecados são atos concretos decorrentes dessa opção fundamental contra a vida das pessoas e contra a liberdade delas.
Diante disso, Jesus nos dá o poder de perdoar ou não perdoar. A comunidade cristã cumpre esta função, mostrando onde está a vida e onde se aninha a morte; promovendo a vida e quebrando os mecanismos que procuram destruí-la; conscientizando as pessoas e desmascarando os interesses ocultos dos poderosos.
O que significa, hoje em dia, não perdoar os pecados dos latifundiários, dos corruptos, dos políticos que utilizam o poder e o dinheiro e a terra para defender somente seus interesses?Tarefa difícil das comunidades cristãs, não sempre fiéis a essa maneira de evangelizar.
Não se trata de julgar as pessoas; mas de constatar e confirmar o juízo que o homem faz de si próprio diante do projeto de vida, manifestado por Jesus.
(“Vida Pastoral”- n. 266 – Maio-Junho de 2009 – pag. 50-51)
Pe Valentino Benigna