segunda-feira, 12 de abril de 2010

Semana Santa - Ipê Amarelo/Contagem


Depois de vivermos uma Quaresma com muito trabalho, com poucas oportunidades em participar de tudo que a comunidade Nossa Senhora Aparecida do Ipê Amarelo organizou, via-sacra toda sexta-feira a noite, círculos bíblicos nas casas, orações do terço, ... buscamos dedicar um tempo maior de oração, silêncio e vivência junto á Comunidade no período da Semana Santa, sem contar os sacrifícios que para quem mora aqui já são rotineiros, como as longas viagens de ônibus, o retorno sempre lotado, o preço da passagem, as muitas caminhadas morro acima embaixo de sol forte, o viver com pouco dinheiro, penitencias que o povo faz no dia a dia sem reclamar...ou sem se dar conta, pois busca sobreviver!
Estamos na Paróquia São Domingos de Gusmão, que está aos cuidados dos padres combonianos: Francisco Lenzi, Jorge Padovan e Sandoval Dutra, por ordem de chegada. Encontra-se aqui a Casa de Formação do período do Escolasticado com Willy (peruano) e René (equatoriano) estudando teologia. Estão aqui por um período, Ricardo e Eder, pré-noviços que se preparam com o aprendizado da Língua Espanhola, pois vão fazer o período de Noviciado no México. São alunos do nosso Alejo, professor que caminha bastante para estar aqui todas as semanas e evitar uma grande volta até Belo Horizonte. Já, em nossa casa, estamos eu e Osmar, que neste mês de abril já vai para Amazônia em sua nova Missão e Marcelo que está passando alguns dias.
Foi bonito acompanhar a preparação do período da Páscoa, junto ao CPP (Conselho Pastoral Paroquial). Foram 2 encontros para que os representantes das 12 comunidades juntamente com os agentes de pastoral discutissem, decidissem e organizassem as atividades da Paróquia.
No Domingo de Ramos, as Comunidades N. Sra Aparecida e N. Sra Auxiliadora celebraram juntas. O início foi no Ipê, tudo enfeitado com ramos cheirosos, de onde saímos em procissão até o Vila Esperança, numa bonita caminhada, celebrada e vivida junto ao povo de Deus. Vivemos em meio a muitas comunidades evangélicas, o grupo de católicos participantes ativos é pequeno, mas significativo.
Na Quinta-Feira Santa, a celebração foi no Ipê, reunindo as 2 comunidades com o marcante momento do Lava-pés, que nos lembra que Jesus tirou o manto, símbolo do poder e colocou o avental, símbolo do serviço. Depois recolocou o manto sem retirar o avental. Quantos sinais para nossa vida!
Na sexta-feira Santa ás 6 horas da manhã, a comunidade do Ipê organizou a vida-sacra saindo da casa do seu Valdemar, com seus 83 anos de idade, cabelos brancos como a neve e uma fé de causar uma santa inveja. Seu Valdemar, cuidou de sua esposa até abril do ano passado. Foram 40 anos de cuidados porque ela não mais conseguiu estabelecer a ligação com a real situação do dia a dia. E os 3 últimos anos de sua vida foram em cima de uma cama. Dona Julia foi muito bem cuidada por ele e houve um empenho da comunidade muito bonito, sinal de muita solidariedade e compaixão.
Este é o terceiro ano que a comunidade não realiza mais a via-sacra ao meio- dia. O sol era de rachar e depois de uma longa tradição de penitencia e quase insolação, concordou-se em mudar para as 6 horas da manhã. Sinal que não podemos ser inflexíveis e devemos estar abertos às tradições que favoreçam a vida. Feliz daquele que teve esta boa idéia, afinal sacrifício maior é levantar cedo em dia de folga!!!
Às 15 horas, participamos da celebração da cruz na comunidade do Ipê amarelo, com um grupo de cerca de 30 pessoas. Momento solene e muito introspectivo.
Dedicamos o sábado ao silêncio, organizar algumas coisas da casa e fizemos o Informativo LMC, além de alguns trabalhos da paróquia. Á noite, a Paróquia reuniu-se às 21 horas em 3 comunidades para celebrar a Vigília da Luz, tendo sido um momento forte paroquial, com celebrações bem preparadas e participativas.
Domingo de Páscoa, na certeza do Ressuscitado nos reunimos para a missa no ipê Amarelo e depois pudemos saborear um almoço comunitário aqui em casa, seguindo a tradição iniciada pela Vanessa ano passado. Reunidos como família comboniana, juntamente com a família Reis, Ventura, o pessoal do Alceno, o seu Valdemar, seu Raimundo, Marília e os meninos, alguns vizinhos,... fizemos uma bonita festa! Cada um deu o que podia e no final todos saíram saciados com um legítimo churrasco... á moda mineira, onde é preciso estabelecer uma relação diferente com o tempo, principalmente para nós que viemos de outras regiões do Brasil. É sempre uma grande descoberta.
Viver este tempo forte de encontros é transformador, inquietante. Que como em Emaús, hoje encontremos os ressuscitados e o Ressuscitado no nosso caminho!!!
Com amizade,
Cristina

Um comentário:

  1. Excelente Experiência. Foi muito bom participar com esta comunidade do tríduo pascal.

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