sábado, 24 de julho de 2010

Missão Amazônica



Como já fora dito, desde final de abril deste ano, os LMC’s fazem parte da Família Comboniana juntamente com os Missionários Combonianos da Província Brasil-Sul e as Irmãs Missionárias Combonianas. Assumimos uma área missionária dentro da Diocese de Humaitá – AM cobrindo uma faixa de 300 km ao longo da BR 230, mais conhecida como Rodovia Transamazônica. Além das comunidades eclesiais de base espalhadas nas várias vicinais da BR-230, estamos iniciando uma caminhada juntamente com o povo ribeirinho do rio Aripuanã e os povos indígenas Tenharim, Parintintin e Djiahoi.
A realidade é gritante nesta Região Norte do país: na última década a renda per capta anual caiu de 4.957$ para 2.059$. O analfabetismo aumentou de 19% a 25%. A expectativa de vida caiu de 67 para 63 anos. * E é na Região Norte que mais se prevalece o trabalho escravo nestas fazendas que salpicam a Amazônia.
“A partir de 1960 -70, os massacres contra os povos indígenas voltaram a se repetir com as políticas de desenvolvimento e de integração da Amazônia. Estradas como a Transamazônica, a Belém-Brasília, BR-364, BR-174 e a Perimetral Norte rasgaram a floresta. Muitos povos foram duramente atingidos pelas epidemias e por expedições de extermínio com participação do poder público”. **
Os povos Tenharim e Parintintin, nos contam histórias de morte deste tempo de “progresso a qualquer custo”.
O desmatamento e os impactos de grandes projetos são as grandes preocupações atuais dos movimentos sociais, ambientalistas e de todo cristão comprometido.
“Somente entre agosto de 2007 e julho de 2008, a Amazônia perdeu quase 12 mil quilômetros quadrados de mata. “A expansão do desmatamento segue um padrão incontrolável. Sua destruição traz escassez de chuvas também para as regiões do centro sul do país com graves conseqüências para o abastecimento de água, produção de alimentos e geração de energia. Hoje, cada vez mais vozes apresentam outra evidência: é a falta de respeito ao meio-ambiente uma das principais causas de pobreza do mundo. A pior causa de degradação ambiental não é a pobreza, mas uma economia depredadora que explora os recursos naturais dos países pobres para manter a crescente e continuada demanda dos mais ricos. Muitos igarapés e nascentes estão desaparecendo por causa do desflorestamento. A destruição das florestas acelera os processos de desertização, ameaçando as reservas de água e coloca em perigo a vida de muitos povos indígenas e as futuras gerações”. **
Somente aqui na pequena vila de Santo Antonio do Matupi há aproximadamente 20 madeireiras e, na região, ao longo da Transamazônica, há inúmeras fazendas de extensões absurdas: de 8 mil, 10 mil hectares, em média. Algumas pertencentes à um único dono! Uma destas fazendas possui uma extensão de 45 km (em linha reta) só de pasto! É o latifúndio engolindo a floresta e ameaçando a agricultura familiar!
Muitos aqui são sulistas, ou seja, migrantes que vêm do sul do Brasil em busca de uma vida melhor. Mas a Amazônia, de maneira geral, não tem terras adequadas para a agricultura e nem mesmo para a criação de gado. Além do mais “a mentalidade que predomina entre os migrantes é agressiva com a natureza”.
Nossa missão, como Família Comboniana, é de levar informação, e conscientizar sobre o que acontece, na tentativa de mudar um comportamento prejudicial ao meio ambiente, com a vida dos povos originários destas terras e com o futuro das novas gerações.
Temos que fazer das palavras de Chico Mendes também as nossas palavras:
“Eu pensava no começo que estava lutando para salvar as seringueiras. Mais tarde pensei que era para salvar a Floresta Amazônica. Hoje eu sei que estou lutando para salvar a humanidade”.
Osmar Marçoli
Leigo Missionário Comboniano
Fontes:
*IBGE, Diário da Amazônia ,2000.
** livro: Amazônia, a igreja diante da devastação ambiental, editora Ave-Maria, 2007.

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