Compartilhamos este bonito texto escrito por Dom José Gomes e partilhado pela Pastoral da Juventude da Diocese de Chapecó/SC que resgata este símbolo de compromisso e doação á Causa do Reino.
"Mais que uma aliança, um compromisso contínuo!"
Quan
do
me pediram para escrever sobre o “anel preto”, meu Deus, lembrei logo
de Dom José Gomes e de tanta gente querida comprometida com o Reino de
Deus! Há quatro anos, quando Dom Pedro Casaldáliga completou
80 anos de vida, Dom Tomás Balduíno escreveu: “Pedro foi sagrado bispo
em 1971, na cidade de São Félix, circundado pelo povo pobre de toda
aquela região. Ele recebeu os símbolos litúrgicos que foram inculturados
nas culturas dos povos indígenas e camponeses. A mitra era um chapéu de
palha, o báculo um remo tapirapé e o anel era feito de tucum,
tornando-se, em seu dedo e no de muitos agentes de pastoral, um sinal do
empenho pela caminhada da libertação.” É bom lembrar que na
época do império, quando o ouro era usado em grande escala entre os
opressores, principalmente nos anéis, os negros e os índios, não tendo
acesso ao ouro, criaram um anel alternativo para o pacto matrimonial,
símbolo de amizade entre si e também de resistência na luta por
libertação. Era um sinal clandestino e apocalíptico, cuja linguagem
somente eles sabiam. Ele agregava os oprimidos, em busca de vida, mesmo
no meio de tanta opressão. O anel de tucum, desde os tempos do
CIMI e da CPT, até hoje, sempre é usado por aqueles/as que acreditam no
Deus da vida e tem um engajamento, na perspectiva da educação popular,
com as pessoas excluídas da sociedade. Representa a solidariedade que
está nas mãos de muita gente que luta pela justiça e se engaja em
pastorais sociais e em diversas entidades que lutam a favor dos que são
explorados pelo capitalismo selvagem. O objetivo é denunciar as causas
da pobreza e apoiar as iniciativas de outro mundo, que é possível!
Este é o compromisso simbolizado nesta aliança, já que, tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento, os profetas e apóstolos afirmam a
fidelidade de Deus aos pobres e oprimidos. A aliança de tucum é o sinal
desta fidelidade. Além da Bíblia, a opção pelos pobres é testemunhada
por toda a tradição da Igreja, a partir do Concílio Vaticano II e das
Conferências latino-americanas de Medellín e Puebla. Nossa Diocese de
Chapecó caminha nesse rumo. Quem usa o anel como enfeite ou
porque está na moda é bom saber disso! No filme “Anel de Tucum”, Dom
Pedro Casaldáliga explica assim o sentido desta aliança: “Este anel é
feito a partir de uma palmeira da Amazônia (Bactris setosa). É sinal da
aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega
esse anel significa que assumiu essas causas. E, as suas consequências.
Você toparia usar o anel? Olhe, isso compromete, viu? Muitos, por causa
deste compromisso foram até a morte”. (Texto de Pe. Cleto Stülp
- Publicado no Encarte Voz da Juventude/PJ Diocese de Chapecó de Jun.
2012 - Jornal Diocesano/Diocese de Chapecó) *Foto de Dom José Gomes, na 5ª Assembleia Diocesana de Pastoral - 1996
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