quarta-feira, 22 de agosto de 2012

“A Serviço da construção do Reino”


 

  por Guilherma Vicenti, LMC - Curitiba/PR

 


Para  chegar a algum lugar é preciso caminhar  consciente que no caminho encontramos obstáculos,  mas com fé tudo se supera.
Partilho um pouco com vocês o tempo que foi preciso que eu parasse  a caminhada.
Retornando da missão em Moçambique em 2010 para férias e revisão de saúde, parei   para uma cirurgia e o tratamento de quimioterapia. Uma parada para refletir e dialogar com Deus.
Não foi fácil este tempo, mas com  a força de Deus, consegui superar e estou me recuperando  e voltando a ativa.
Quero em primeiro lugar  agradecer a Deus, meus familiares, meus irmãos LMC’s, vizinhos, padres combonianos e todas as pessoas da comunidade que me deram força e apoio  nestes momentos difíceis. Assim com a força Dele, aos poucos vou retomando e já consegui dar um curso de costura na comunidade de Santa Ana e São Francisco, minha comunidade de origem, na Paróquia de Santa Amélia. Foi muito gratificante, mesmo que o tempo foi pouco para tantas coisas que queríamos fazer. 

  ... A vida é dom, mas passa rápido entre nossas mãos e
 apresenta-se muita frágil, pequenina; mas a semente 
de mostarda nas mãos do Criador é grandiosa.
 
Agora em junho fui, a convite de pe. Eugênio, diocesano, ministrar um curso de corte e
costura em Monte Mor, interior de Campinas
/SP. Trabalhamos juntos, pe. Eugênio, Lourdes e eu, em Nipepe-Moçambique,  em 2004 no Projeto Lichinga.  Não imaginava de nos encontrar novamente  e estar juntos neste momento de minha vida. Ministrei o curso de costura durante  os meses de junho e julho em duas comunidades.
De volta a Curitiba  agradeço a Deus pelo dom da vida e já estou pensando onde Deus me quer agora.
Este é meu jeito de servir a Missão do Reino. Sinto-me  feliz em poder estar com as pessoas, conversar, aprender e ensinar o que sei, ajudar os que precisam e oferecer a oportunidade de aprender um ofício.
A vida é dom, mas passa rápido entre nossas mãos e apresenta-se muita frágil, pequenina; mas a semente de mostarda nas mãos do Criador é grandiosa. 
Mais uma vez Obrigada por tudo o que fizeram por mim. Continuaremos unidos em oração e no ardor missionário a exemplo de São Daniel Comboni.   Abraços Gui

 Outras noticias no Informativo Leigos Missionários Combonianos



A PALAVRA DE DEUS EXIGE TAMBÉM UMA RESPOSTA A NÍVEL SOCIAL


Roma: quarta-feira, 22 de agosto de 2012

“A minha profunda conversão a Jesus de Nazaré chegou quando escolhi descer aos submundos da história, aos bairros de lata de Korogocho. Os doze anos vividos nos bairros de lata de Korogocho mudaram profundamente a minha leitura das Escrituras. Em Korogocho compreendi uma coisa fundamental: o contexto em que se lê um texto é tão importante como o próprio texto. Um trecho do Evangelho de Marcos lido numa vila de Roma ou lido num bairro de lata de Korogocho, assume significados bem diferentes!” P. Alex Zanotelli.

A PALAVRA DE DEUS NA MINHA VIDA

A carta do Conselho Geral «A Palavra de Deus no nosso ser e agir missionário», recorda-nos a todos nós missionários combonianos a centralidade da Palavra para a missão hoje. «Enquanto missionários somos homens da Palavra – assim o afirma a carta – isto é, pessoas que a descobriram e aceitaram o desafio de ser testemunhas, mensageiros e anunciadores em todo o mundo.» Não pode haver missão sem esta paixão pela Palavra, uma Palavra viva e vivida. «Uma Palavra – afirma ainda a carta – que se fez carne e que se chama Jesus.» É fundamental esta referência a Jesus de Nazaré, em cujo rosto reconhecemos o «mistério de Deus, o qual sendo incognoscível, se tornou familiar e próximo de nós» na experiência histórica de Jesus de Nazaré.
«A viragem de que o cristianismo actual precisa – escreve o biblista espanhol Pagola, o autor do conhecido volume “Jesus, uma abordagem histórica” – consiste simplesmente em voltar a Jesus Cristo, ou seja em concentrar-nos com mais autenticidade e com mais fidelidade sobre a pessoa de Jesus e sobre o seu projecto do Reino de Deus. Creio que esta conversão seja a coisa mais urgente e mais importante que possa acontecer na Igreja nos próximos anos.» Só assim a Igreja reencontrará o gosto da missão. E nós missionários, a alegria do anúncio daquele pobre Jesus de Nazaré, crucificado pelo Império, mas vivo pelo poder de Deus. Foi esta a grande viragem da minha vida missionária, a conversão a Jesus de Nazaré. Uma longa e penosa procura que durou quarenta anos passando de uma crise profunda à alegre descoberta daquele pobre Galileu que partilhou as sortes do seu povo sob o calcanhar do imperialismo romano até fazer as contas com ele, morrendo como um instigador contra o sistema. Se a Palavra se fez carne no carpinteiro de Nazaré, se acreditamos na encarnação, então torna-se importante conhecer como Jesus se movimentou naquela sua terra, naquele determinado momento histórico, como afirma o bispo anglicano T. Wright.
É aquilo que hoje passa sob o nome de “pesquisa do Jesus histórico”. Isto havia significado para mim, empenho sério de leitura, pesquisa, reflexão, mas não fora suficiente. A minha profunda conversão a Jesus de Nazaré chegou quando escolhi descer aos submundos da história, aos bairros de lata de Korogocho. Os doze anos vividos nos bairros de lata de Korogocho mudaram profundamente a minha leitura das Escrituras. (Semanalmente enquanto comunidade comboniana dedicávamos um dia à leitura de um Evangelho utilizando também o melhor da investigação bíblica). Em Korogocho compreendi uma coisa fundamental: o contexto em que se lê um texto é tão importante como o próprio texto. Um trecho do Evangelho de Marcos lido numa vila de Roma ou lido num bairro de lata de Korogocho, assume significados bem diferentes!
Faço questão de notar que é o próprio magistério da Igreja no documento: «A interpretação da Bíblia na Igreja» (1993) que o afirma: «Toda a tradição bíblica e, de modo mais considerável, o ensinamento de Jesus nos evangelhos – afirma o documento – indicam como ouvintes privilegiados da Palavra de Deus aqueles que o mundo considera gente de humilde condição. Jesus reconheceu que certas coisas mantidas ocultas aos sábios e aos entendidos foram reveladas aos pobres (Mt 11, 25-27). Aqueles que na sua impotência, na sua privação de recursos humanos se sentem impulsionados a colocar a sua única esperança em Deus e na sua justiça, têm uma capacidade de escutar e de interpretar a Palavra de Deus que deve ser tomada em séria consideração por toda a Igreja e exige também uma resposta a nível social.»
Constatei quanto isto seja verdade precisamente ao viver em Korogocho, ao participar nas pequenas comunidades cristãs, ao ouvir a Palavra lida pelas vítimas do sistema. «Os crucificados, os empobrecidos, os marginalizados são o rosto de Cristo – escreve o teólogo francês Bruno Chenu. A identificação não é genérica, mas personalizada: cada rosto de pobre é ícone de Cristo. E, por isso, o pobre torna-se revelador da má ordem do mundo, denunciada pela injustiça reinante…» Foram os pobres, os doentes de sida, os marginalizados a anunciar-me o Evangelho. São eles os sujeitos da evangelização!
É este o coração da intuição de Jesus: os pobres não são os objectos a quem fazer a caridade, mas os sujeitos da boa nova! Foi precisamente em Korogocho que comecei a compreender quanto era burguesa, racionalista, iluminista, esquizofrénica a minha leitura da Bíblia. E lendo-a com os pobres compreendi que Deus toma partido. Deus não é neutral, mas antes profundamente alinhado. Deus é o Deus dos escravos, dos oprimidos, dos marginalizados. Deus não quer escravos, oprimidos, mas quer homens livres. Isto obrigou-me a reler as Escrituras, tanto o Novo como o Antigo Testamento. Um caminho muito bem expresso no recente volume «Come out, my people» (Sai, meu povo) do biblista americano Wes-Howard Brook. A minha paixão de hoje pela Palavra nasce deste longo, atormentado, mas alegre caminho de conversão, antes de mais a Jesus de Nazaré («Só conheço Jesus Cristo e este crucificado») e aos crucificados da história que me permitiram ler as Escrituras com outros olhos e partindo delas compreender em que espécie de sistema económico-financeiro vivemos.
A estas duas conversões fundamentais tenho de acrescentar uma terceira que maturei ao regressar a Itália e ao trabalhar no norte do mundo. Empenhei-me muito em campo ecológico e ambiental tanto ao nível local de Nápoles como a nível global. Isto levou-me a reflectir seriamente sobre o ambiente, sobre o Planeta Terra, sobre o Cosmos. E quanto mais reflecti, mais me convenci do que dizia Santo Agostinho, isto é, de que a primeira Bíblia que Deus nos deu é o Cosmos, o Planeta Terra (Deus empregou mais de quatro mil milhões de anos a prepará-lo para nós!). É fundamental para todos nós, hoje, a recuperação desta primeira e fundamental Palavra de Deus que deve depois levar-nos a um sentido de profundo respeito e veneração para com tudo aquilo que nos circunda. Só assim poderemos sair deste sistema de morte que mata por fome, por guerra, mas mata também o Planeta. Nós missionários, anunciadores apaixonados de Jesus de Nazaré, devemos responder ao «grito dos pobres» e ao «grito da Terra»!
Nápoles, 30 de Julho de 2012
P. Alex Zanotelli


Fonte - http://www.comboni.org/contenuto/view/id/106121

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Manifestação dos Povos Indigenas em Ji- Paraná/RO



            Cerca de 230 indígenas de 25 etnias do Estado de Rondônia se reuniram no dia  15 de agosto na quadra da Paróquia Dom Bosco, cidade de Ji-Paraná, para discutirem sobre uma série de medidas truculentas do Governo Federal que vergonhosamente vem ignorando os Direitos Constitucionais dos indígenas, a fim de favorecer, beneficiar o grande capital. 
         Após a reunião, o grupo saiu em protesto pelas ruas da Cidade de Ji-Paraná, o ato culminou com o fechamento da ponte sobre o Rio Machado, BR 364. Os indígenas protestaram contra a Portaria 303 de 16 de Julho de 2012 da AGU- Advocacia geral da União que trata sobre a demarcação de suas terras e o projeto de lei que autoriza a mineração em terras indígenas.
         “Essa portaria não está a favor do povo indígena. Nós queremos todos os direitos que a Constituição nos garante. Essa portaria vem só para tirar nossos direitos e nós não concordamos com isso. Enquanto ela permanecer, nós vamos continuar as manifestações”, afirma Heliton Gavião, coordenador regional do movimento indígena.

"... nós Povos indígenas estamos vivos
 e vamos continuar defendendo 
nossos direitos..."
 
       “Tudo que nós povos indígenas queremos é viver com dignidade e respeito sobre o que restou de nossas terras tradicionais, mas depois de 512 anos o Governo do Brasil parece não estar satisfeito com toda violência que já cometeu no passado contra os povos indígenas. Mais uma vez se alia, se junta aos poderosos para tirar nossos Direitos, por isto estamos gritando bem forte para toda sociedade saber que nós Povos indígenas estamos vivos e vamos continuar defendendo nossos direitos até o fim, não queremos violência, queremos respeito pela nossa cultura e o Direito de vivermos em nossa terra.” (Antenor Karitiana).
A mobilização foi marcada pela grande participação das mulheres, jovens e crianças.
“É muito importante que os jovens estão participando, porque se hoje estamos aqui é porque os velhos nos ensinaram a lutar, e hoje estou trazendo meus filhos para que eles aprendam que é importante lutar pelos nossos Direitos”. (Carlão Arara). 

fonte: por Rose Mary Candido Plans - Pastoral Indigenista de Ji-Paraná.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Notícias de Moçambique



TEMPO DE GRAÇA
Flávio Schmidt, LMC 

É, o tempo passa muito rápido. E diz-se ainda que passa mais rápido quando está a se fazer o que se gosta. Assim foram os meus primeiros 7 meses em Moçambique: passaram muito depressa, que nem notei o tempo passar. Não porque estivesse alheio e perdido nos acontecimentos, mas porque vivia-os intensamente.
Durante este tempo por aqui, que para mim tem sido verdadeiramente um Kairós (tempo de graça), tenho aprendido muita coisa. Na escola, na vivência em comunidade e como equipa missionária, na visita às comunidades, com sua fé e espiritualidade, mas sobretudo tenho aprendido muito na convivência com as pessoas. Ser missionário também nos proporciona esta possibilidade de crescimento em todos os âmbitos do nosso ser. Realmente, quando confiamos em Cristo e nos colocamos ao seu serviço, não se perde nada, mas se ganha muito.

“(…) agradeço a Deus por todos os momentos
 vividos neste tempo.”

É bem verdade que nem tudo são flores. Mas não é mesmo assim na nossa vida cotidiana? Então como não o seria na missão, quando estamos inseridos em outra realidade, seja de cultura, de espaços, de conceitos, de pessoas? Assim, durante este tempo também tive algumas dificuldades, desafios pessoais, questionamentos e reflexões. Mas nada disso me fez em algum momento desistir ou não querer estar aqui. Pelo contrário, também contribuíram, e muito, para o meu crescimento na vida e na fé. Por isso agradeço a Deus por todos os momentos vividos neste tempo.

  À sombra de um cajueiro, após a celebração de Domingo na comunidade de Erope

A missão é feita de vida, e a vida é feita destes momentos, alegres e tristes, bons e difíceis, animadores e desafiadores. Se assim não fosse, seria uma ficção, e não a realidade.
Assim, todos os acontecimentos, todos esses momentos experimentados na vida missionária servem de impulso e motivação para seguir, buscando dar o melhor como operário que colabora na construção do Reino de Deus, Reino que já está presente aqui também desde a criação do mundo.

“Ser missionário também nos proporciona esta possibilidade 
de crescimento em todos os âmbitos do nosso ser. ”

Deste modo, gostaria de convidar a fazermos uma prece por todos missionários e missionárias além-fronteiras, para que aproveitem cada momento vivido como oportunidade de crescimento, iluminados sempre pela ação do Espírito Santo de Deus. 

fonte: Batuques da Savana



Visita do pe Camilo Pauletti á Carapira

 Na foto: pe Camilo, Liliana (lmc portuguesa), Flávio, pe Alfredo e Carlos (lmc português)
No dia 1 de Agosto a equipe Missionária LMC em Carapira, recebeu a visita do Pe. Camilo Pauletti, Diretor das Pontíficias Obras Missionárias do Brasil, que se encontra em visita aos missionários brasileiros em Moçambique. Durante a sua visita aproveitou para conhecer o trabalho realizado pelos Leigos Missionários Combonianos na Escola Industrial de Carapira e na pastoral, principalmente pelo lmc brasileiro Flávio Schmidt, de São José dos Campos/SP, que está em Moçambique desde janeiro.